quarta-feira, 14 de março de 2007

AMEAÇAS AO LITORAL CAPARICANO E À ZONA RIBEIRINHA DA TRAFARIA (parte I)

(publicado no "Notícias de Almada de 21MAR07)

Dividiremos este artigo em duas partes. Nesta primeira abordaremos a questão da transgressão marítima na zona das praias de São João para, num segundo, nos debruçarmos sobre o inconfessável projecto de transferência de instalações portuárias pesadas para a Trafaria.

Várias ameaças impendem sobre o litoral caparicano e a zona ribeirinha da Trafaria. Umas naturais e, por esse motivo, mais dificilmente controláveis; outras artificiais mas não menos temíveis apesar de, para serem evitáveis, bastar apenas bom senso e vontade política.

A multiplicidade de entidades que detêm a jurisdição sobre o território ribeirinho e atlântico das freguesias da Trafaria e Costa da Caparica têm sido, ao longo dos tempo, um aliado objectivo do estado de degradação a que a zona chegou nos últimos anos a que o POOC Sintra – Sado (Plano de Ordenamento da Orla Costeira) deveria por cobro mas que, ao invés, parece também ele, só por si, impotente para travar.

Senão vejamos. As contínuas e sistemáticas tentativas de transgressão marítima na zona da praia de São João da Caparica devem-se, não só, ao já sensível aumento do nível médio das águas do mar como efeito do chamado “aquecimento global” como também e acima de tudo à destruição da restinga natural existente na foz do Tejo entre a actual zona da Cova do Vapor e do Farol do Bugio que, segundo os especialistas, facilitava o assoreamento natural das praias do litoral caparicano, sobretudo as que se situam mais a norte (precisamente as que têm estado sujeitas a uma pressão maior nos últimos tempos).

A situação não é nova: todos os Invernos a ameaça repete-se em São João da Caparica até porque, as recentes obras de recuperação da defesa aderente e dos esporões da Costa da Caparica, não abrangeu aquela zona.

Em 2007 perante as investidas do mar e o rompimento iminente da duna aplicam-se paliativos que, longe de resolverem o problema e transmitirem tranquilidade e confiança às populações, apenas o adiam. É que a reconstituição artificial da duna com areia, não resolve o problema de fundo já que, cada vez que a praia mar é um pouco mais forte, recomeçam os problemas.

Quando os representantes da população, como é o caso do Presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, vêm pôr o dedo na ferida exigindo uma obra de engenharia com a robustez suficiente que consiga suster, de forma consolidada, a transgressão marítima logo a sua intervenção é desvalorizada.

Pois deixem que vos diga: essa obra é não só necessária como imperiosa já que foi a destruição da restinga de areia do chamado “Fecho da Golada do Bugio” que acentuou visivelmente a erosão costeira permitindo ao mar as sucessivas tentativas de transgressão.

Poderá sempre evocar-se a questão da relação “custo – benefício” entre o investimento público necessário (previsivelmente elevado) e os valores a proteger mas convirá não esquecer que boa parte da freguesia da Costa da Caparica se situa abaixo do nível médio das águas do mar e que uma transgressão marítima que venha a acontecer terá, por esse motivo, consequências imprevisíveis em termos de prejuízos ambientais e materiais.

Será bom que o INAG e o Estado levem isso em linha de conta já que o descartar ou mesmo o adiar essa intervenção de fundo pode ser fortemente lesiva das populações e comprometer mesmo os projectos em curso com vista à requalificação da área, nomeadamente a implementação do Programa Pólis.

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