quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Emprego, Credibilidade e Promessas Eleitorais

Publicado nos jornais "Setúbal na Rede" e "Notícias de Almada"

Está ainda presente na memória de muitos (estejamos, ou não, ligados à actividade
política) os famosos cartazes do Partido Socialista referentes às últimas eleições
legislativas em que, ao lado da fotografia de José Sócrates, se colocavam diversas
frases curtas correspondentes a outras tantas promessas eleitorais.

Pela profusão dos mesmos “urbi et orbi”, ao longo deste nosso ameno rectângulo, as
mesmas frases converteram-se, naturalmente, em compromissos eleitorais assumidos
perante os eleitores que conferiram uma indiscutível maioria absoluta ao Partido
Socialista.

Para além dos inócuos “Voltamos a Acreditar”, “Hora de Mudar Portugal” ou “Portugal vai
ter um Rumo” outras frases eram, ao invés, bastante mais assertivas apontando para
objectivos concretos a concretizar ao longo desta legislatura que ainda decorre.

De entre elas destaco a que prometia “150.000 Novos Empregos” e que, provavelmente,
será de todas a que mais se afasta do plano da realidade. É certo que a legislatura ainda
não acabou e que, no plano teórico, esta promessa ainda poderá ser cumprida. No
entanto as estatísticas são incontornáveis e demonstram, precisamente, que o
desemprego aumentou de uma taxa que era inferior ligeiramente inferior a 7% para
valores que se situa, actualmente, na ordem dos 8,4%. Refira-se que, a taxa existente à
altura das eleições de 2005, era já elevada. Não admira pois que, o PS utilizasse “a
outrance” o tema como mote eleitoral já que as pessoas tinham legitimamente essa
preocupação.

De tal modo é o embaraço socialista nesta matéria que os responsáveis políticos na área
se apressam a precisar que se trata de criação de emprego e não do saldo taxa de
desemprego Vs. taxa de emprego (esse, como é natural, bastante negativo). A ser assim
estamos perante uma desfaçatez política sem precedentes. Provavelmente teremos de
legislar de futuro no sentido de os cartazes eleitorais serem obrigados a precisarem em
caracteres pequenos os contornos exactos da operação de marketing eleitoral à
semelhança das taxas de juro efectivas dos bancos ou dos custos de manutenção dos
automóveis das campanhas publicitárias.

De facto, qualquer economia, mesmo perante o mais negro quadro recessivo cria
sempre emprego já que há sempre trabalhadores que se aposentam e que mesmo que
não sejam substituídos no mesmo número geram criação de emprego, sabe-o La Palisse
e sabemo-lo todos pelo que é uma espécie de exercício de “esperteza saloia” que todos
dispensávamos sobretudo quem tem dificuldades reais de encontrar trabalho.
Aquilo que interessa de facto a um país, a uma sociedade e acima de tudo aos
trabalhadores desempregados é a criação líquida de emprego.

É aí que as promessas caem pela base e que nada se perspectiva.

De resto a diferença entre o discurso pré-eleitoral e a prática política e legislativa numa
foi tão grande como com a actual maioria e com este XVII Governo Constitucional.
Vejam-se como se afrontam paulatina e sistematicamente diferentes classes
profissionais acusando-as de “privilegiados” para de seguida se cortarem direitos básicos
de carreira (o caso dos professores dos ensinos básico e secundário foi paradigmático).
Em lugar de se nivelar por cima faz-se precisamente o contrário perante o aplauso de
muitos de “vistas curtas” que não intuem que, a seguir, será consigo e com o seu
interesse, a sua carreira e a sua estabilidade profissional que serão “ajustadas contas”.
Se as frases dos cartazes do PS referissem isso certamente o resultado seria diferente.
Assim se descredibiliza a política aos olhos de todos.

É necessário que, à retórica inconsequente, se refunde a actividade política na base da
credibilidade e da verdade. Só assim seremos bem governados e todos (eleitores e
eleitos) nos respeitaremos efectivamente.

Pedro Roque Oliveira - 12-09-2007 09:12

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