segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Class Conflict ou o PCP no seu melhor


Quando um cidadão "médio" do centro político discorre sobre o Partido Comunista Português aponta, normalmente, o facto de "discordar das suas ideias" (sobretudo após o colapso da URSS) mas de lhes reconhecer "coerência na ação" (nisso diferenciando-o do BE, por exemplo).
A semana passado tivemos dois bons exemplos disso:
  • O primeiro foi o voto contra o pesar proposto no Parlamento pela morte do empresário Belmiro de Azevedo;
  • O segundo foram as declarações de Arménio Carlos (líder da CGTP e militante destacado do PCP) sobre o resultado do referendo (o segundo) dos trabalhadores da VW Autoeuropa ao pré-acordo negociado entre a Administração e a Comissão de Trabalhadores e que resultou em nova reprovação.
Apenas por falta de memória alguém poderá ficar escandalizado com tudo isto. De facto o PCP está apenas a ser coerente. Afinal, uma das idiossincrasias que se lhe reconhecem.

No primeiro caso não é a inédito que aquele Partido vote contra um pesar (um daqueles votos que tende a ser consensual entre as forças políticas). Sempre que em causa esteja a morte de alguém ligado ao Estado Novo ou um "capitalista explorador" o PCP é coerente e vota contra. Nem a esta lógica escaparam figuras que prestaram provas no regime democrático e que se pensavam acima do rótulo de "fascistas", como foi o caso de Veiga Simão. No caso de Belmiro a coerência voltou a manifestar-se pois este representa o expoente máximo da "exploração capitalista". Alguém que nasceu pobre e "subiu a corda a pulso" para se transformar num dos mais bem sucedidos homens de negócio portugueses e que transformou a Sonae num conglomerado internacional. Trata-se pois do "inimigo de classe" número um.

No caso da VW Autoeuropa é o PCP a CGTP a conseguir levar a água ao seu moinho. Mesmo que isso represente a "atração pelo abismo" que já levou em 2008 a GM na Azambuja a soltar amarras encerrando a fábrica. Não me parece que a VW queira fazer o mesmo em Palmela mas a fábrica pode perder muita da sua relevância e, com isso, postos de trabalho. Parte das exportações nacionais poderão mesmo ficar comprometidas. Afirmar, como o fez Arménio Carlos, que produzir o T-Roc fica muito mais barato em Portugal do que na Alemanha é iludir a realidade. É que, se essa for a lógica, mesmo ao lado da Alemanha ficará ainda mais barato que em Portugal.


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