Entre mim e Francisco Louça há todo um oceano de divergências ideológicas.
No entanto, nesta hora em que se despede do Parlamento, entendo
que é de inteira justiça que reconheça as suas capacidades tribunícias e a
retórica eficaz de que todos iremos sentir, independentemente do quadrante
político, saudades.
De resto a sua declaração de renuncia é eloquente
relativamente ao reconhecimento do parlamentarismo como fonte da legitimidade democrática ao reconhecer elegantemente méritos também aos seus adversários e
ao não ceder um milímetro ao populismo primário anti-parlamentar.
Afirma Louça que "no Parlamento encontrei alguns homens
e mulheres extraordinários e respeito
muito os adversários que sejam fiéis ao seu programa. E, por isso mesmo, reafirmo-vos convictamente,
contra todo o populismo, que é um crime
antidemocrático deixar diminuir ou deixar corroer o pluralismo político".
É importante que, apesar das nossas divergências e, num período tão difícil da vida nacional, haja um sentido democrático que cruza todas as forças políticas.
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