domingo, 27 de fevereiro de 2005

COLABORAÇÃO "NOTÍCIAS DE ALMADA"

Começo por saudar o aparecimento do “Notícias de Almada”. É um contributo importante para o debate em Almada.

Constitui um mistério insondável que a cidade e o concelho não tenham um jornal digno desse nome para mais num distrito que é fértil em títulos. Para além do “Boletim Municipal” (arauto da propaganda da C.M.A.), do “Jornal da Região”(que serve como suporte de publicidade) e do vetusto “Jornal de Almada” (de carácter paroquial que nunca deixou de ser isso mesmo e com uma fraca divulgação) nada mais existe. Como é possível que o mais populoso e desenvolvido dos concelhos do distrito conheça tal panorama editorial? Fazem falta títulos que promovam o debate e o contraditório em temas que a todos digam respeito. Saúda-se, assim e de forma veemente, o aparecimento do “Notícias de Almada”!

Esta situação é o paradigma da própria cidade e concelho relativamente a Lisboa e ao Distrito de Setúbal: “nem carne, nem peixe”. Por isso há que emancipar Almada de Lisboa afirmando-a como terra de Setúbal e que se orgulha de o ser. Isso passa por uma imprensa local forte e onde o contraditório se imponha por oposição à “verdade oficial” de um “boletim municipal”!

Quis o destino que começasse esta minha colaboração com o “Notícias de Almada” após as eleições do passado dia 20 de Fevereiro e após o terminus do meu mandato como deputado à Assembleia da República pelo PSD. Importa, assim, analisar, os factos subjacentes aos resultados destas eleições legislativas.

Embora tendo em consideração que muita da História recente do final desta IX Legislatura só poderá ser efectuada com o necessário devir dos anos importará enunciar aqui aquilo que considero indiscutível:

O PS obteve uma vitória histórica, esta é uma verdade objectiva, clara e incontornável. Se assim aconteceu é porque a maioria dos eleitores achou por bem mudar. Sinceramente esperamos que o PS esteja à altura desta enorme responsabilidade. O seu sucesso será o sucesso de Portugal. O PSD saberá honrar as suas responsabilidades de ser uma Oposição construtiva e com sentido de Estado procurando, dessa forma, contrastar com o posicionamento menos responsável da Oposição que tivemos.
Todavia, não se pode iludir a realidade. O Presidente da República abriu um precedente constitucional grave ao interromper uma legislatura a meio que possuía uma maioria estável. Tal circunstância representou um desrespeito pela vontade dos portugueses expresso nas eleições de Março de 2002. Tal prorrogativa constitui uma idiossincrasia constitucional portuguesa que não é seguida por mais nenhum Estado democrático e cuja utilização pôs em causa a imparcialidade que o Chefe de Estado deve ter perante os partidos políticos.
O PSD pagou cara a circunstância de ter governado mas não ter feito marketing político, sobretudo quando teve de impor austeridade, de tomar medidas impopulares, de efectuar reformas em contraciclo para evitar o descalabro económico e reparar o estado calamitoso das finanças públicas que resultaram na demissão do Eng. Guterres. O PS herda uma situação económico-financeira bem mais desafogada.

Mas há mais vida para além das eleições. É isso que procuraremos comentar em futuras edições.


Almada, 24 de Fevereiro de 2005

Pedro Roque

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