quarta-feira, 7 de junho de 2006

PERPLEXIDADE NA EDUCAÇÃO

666 - the Mark of the Beast?


Está o país confrontado e, diria, perplexo com a situação gerada pelo Ministério da Educação relativamente ao projecto de revisão do Estatuto da Carreira Docente.

Sendo um documento extenso os professores e as suas associações sindicais levarão ainda algum tempo a analisarem, com a profundidade necessária, o mesmo. Não sendo de estranhar, todavia, que a rejeição generalizada do mesmo será a pedra de toque dos pareceres já que a proposta é francamente draconiana e castradora e, caso seja aprovada, levará a um sentimento de revolta e de desmoralização que aliás, já se vão sentindo na classe.


Todavia, para a opinião pública, duas questões mereceram, para já, a sua atenção.


Por um lado a questão de os pais e encarregados de educação poderem participar no processo de avaliação dos docentes.


Devo dizer que, pessoalmente, estou longe de ser fundamentalista neste assunto, de resto, esta componente externa na avaliação docente já é prática corrente nas universidades portuguesas. Temo, no entanto, que se esteja a construir a casa pelo telhado, isto é, em lugar de se levar primeiro a que pais e encarregados de educação participem de modo mais activo na vida das escolas pede-se, ao invés, que avaliem os docente sem se levar em linha de conta que, na maioria dos casos o desinteresse perante o percurso escolar dos seus educandos é inibidor de uma objectividade que não pode estar afastada de um qualquer processo avaliativo. De resto o contacto com o docente e o seu trabalho nunca é directo, por isso, torna-se impossível essa forma de avaliação. Sou favorável a que sejam os alunos a preencherem este requisito embora, para tanto, seja necessário que possuam alguma maturidade para que a ponderação seja séria e, na medida do possível objectiva, pelo que essa capacidade deverá de ser somente conferida aos que frequentem o ensino secundário. Como se torna óbvio esta nunca deverá de ser uma componente determinante da avaliação do professor.


De resto esta questão constitui apenas um ínfimo detalhe da proposta de revisão do ECD e gastarem-se rios de tinta em torno da mesma apenas serve para desviar as atenções do essencial: a proposta é fortemente inibidora da carreira docente e constitui um grave retrocesso relativamente ao seu actual estatuto frustrando as legítimas expectativas dos profissionais.


Por outro lado, as declarações da Ministra da Educação, autenticas “pérolas retóricas” proferidas num fórum sobre educação, realizado na Maia a 29 de Maio, em que responsabilizava os professores pelo insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos, ou que o trabalho dos professores «não se encontra aos serviço dos resultados e das aprendizagens» deixaram um rasto de perplexidade junto da classe docente que se sente achincalhada já que julgo ser inaudito em Portugal um mais alto responsável governamental desrespeitar, desta forma, o trabalho sério e empenhado da maioria dos profissionais que tutela.

Não é ferindo a dignidade profissional dos docentes que o Governo alterará, para melhor o “statu quo” educativo português e estas “boutades” da Senhora Ministra procuram apelar a um populismo primário contra uma classe profissional desmotivando-a ainda mais e, por essa via, piorando o sistema.


NOTAS FINAIS SOBRE O MUNICÍPIO


A primeira para referir que a visita da Comissão Parlamentar de Obras Públicas às obras do MST geraram nova troca de acusações entre dono da obra (Governo) e a autarquia. De salientar que agora é nítido o atraso da obra mas que, longe de imperar o bom senso, se continua a aligeirar responsabilidades com as consequências para os almadenses e os contribuintes que não nos cansamos de repetir. No concreto MST a circular entre Corroios e Cacilhas será apenas miragem nos anos mais próximos. Tudo vai bem, todavia, no reino da impunidade política.

A segunda para dar conta de que o processo de revisão do PDM está em marcha. Esperemos que o bom senso possa imperar e que a visão autárquica clássica do ordenamento do território (leia-se, literalmente, “ordenhamento”, como se ele fosse uma vaca leiteira pronta a dar lucro) ceda lugar a uma visão sustentada e de futuro respeitadora do ambiente e da ruralidade que ainda escapou à onda avassaladora de expansão urbana que Almada sofreu nos últimos anos.

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